sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dia Mundial da doença de Alzheimer

21 de Setembro Dia Mundial da doença de Alzheimer!
Uma lição de cumplicidade!
 
A memória musical é talvez a última e derradeira memória que a pessoa idosa com Alzheimer irá perder. O idoso poderá esquecer-se de tudo, mas lembrará das músicas que fizeram parte de sua vida, mesmo numa fase mais avançada de Alzheimer. Este post é uma homenagem a todos que lutam bravamente para amenizar o peso da doença de Alzheimer no seio familiar.

“Toda família tem uma história pessoal para contar, memórias de toda uma vida para preservar. Em especial, AS FAMÍLIAS QUE CONVIVEM COM ALZHEIMER!”

Veja o emocionante clipe de David Michael Mainelli:
http://static.ak.fbcdn.net/rsrc.php/v1/y2/r/5l8_EVv_jyW.swf?v=10151095060671234&ev=0
 
 

 
  I WILL REMEMBER FOR YOU
  "Oh the places you used to go,
All the people you used to know,
The stories that you loved to tell
About a life that you lived so well.

It’s fine, you can rest if you want to.
I will remember for you,
I will remember too."

Tradução:
EU VOU LEMBRAR PARA VOCÊ
Todos os lugares que você visitou,
todas as pessoas que você conheceu,
as histórias que você gostava de contar,
sobre uma vida que você viveu tão bem!

Tudo bem, você pode descansar se quiser.
Eu vou lembrar para você
e me lembrarei também.
 
 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Testamento de um Idoso

Extraído do livro: “Doença de Alzheimer – Vivências e Cuidados” – Lílian Alicke – gerontóloga e ex-presidente da Associação Brasileira de Alzheimer


     Junto com meu testamento, no qual lego a meus filhos e amigos a minha vontade de viver e meu amor a Deus e a toda a criação, faço um pedido: se, por ventura, no meu cérebro a senilidade penetrar sorrateiramente, a demência se infiltrar inesperadamente e o esquecimento, a falta de lucidez e a confusão se intalarem, por favor, lembrem-se que:

. eventualmente, ainda tenho uma vaga idéia de minha identidade;
. gosto de ser chamada pelo meu nome, aquele que meus pais me deram;
. posso ainda saber onde estou e com quem estou;
. posso estar gostando ou não de onde estou e com quem estou;
. faço ainda questão de usar aquele tipo de sapato que toda a minha vida usei;
. gosto ainda de usar a roupa ao estilo que sempre preferi;
. a roupa dos outros colocada em mim me entristece;
. a falta de atenção em me ajudar na higiene pessoal me traz ansiedade;
. a comida de um estilo que não conheço não me apetece;
. as fraldas que vez em quando me incomodam e me deixam envergonhada;
. gostaria, às vezes, de caminhar para espairecer e ver a natureza;
. receber uma palavrinha me faz lembrar que sou gente;
. receber visitas me diz que ainda pertence;
. receber um abraço e um beijo me diz que alguém ainda tem afeto por mim;
. a falta de sono não é proposital, nem intencional;
. a falta de interesse está além do meu controle;
. minha falta de jeito é inexplicável para mim mesma;
. o esquecimento me deixa traumatizada;
. tenho dores que às vezes não posso contar;
. nem sempre o que me fazem fazer é o que eu gostaria de estar fazendo;
. meu olhar vago não reflete o que sinto;
. e se não dou um abraço é porque os meus braços não me obedecem mais;
. se não dou um beijo é porque meus lábios não sabem mais o que fazer;
. se não te digo que valorizo sua dedicação e seu amor é porque a ponte se partiu e perdi o caminho que me levaria a compartilhar meus sentimentos com você.

Ass.: Um ser humano que envelhece

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Fonte: http://www.cuidardeidosos.com.br/testamento/

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

De empregada doméstica à cuidadora de idosos – depoimento

http://www.google.com.br/imgres?um=1&hl=pt-

“Mamãe ainda não estava totalmente dependente após cirurgia de extração de um tumor. A previsão de sobrevida era de mais ou menos 8 meses. Achei então que, no primeiro momento, o mais importante seria dar a ela um modo de vida que não alterasse muito seu espaço. Assim, descartei a ideia de contratar uma enfermeira, pois acreditei que alguém que cuidasse dela, e também da casa (mamãe até ali só tinha uma faxineira), seria mais interessante, não ficando muito marcado o “fator doença”.

Procurei alguém que tivesse uma índole boa e fosse prestativa. Soube de uma senhora, empregada doméstica, que, quando a ex-patroa ficava doente, ela se oferecia para trazer ervas, remédios caseiros, não achando ruim deixar outros afazeres e prestar esses serviços. Pensei: é essa a pessoa que procuro. Enquanto minha mãe viveu, Tereza realmente revelou ser uma cuidadora. Cuidou da casa e da minha mãe com igual zelo. Foi carinhosa, extremamente paciente e tinha a consciência de que cuidava de uma pessoa idosa, que tinha lá suas manhas. Estava sempre disposta e tentava agradar a todos. Foi firme quando necessário, não deixando de ser respeitosa. Se fosse preciso dar um remédio ou mesmo uma refeição e ouvia um “não quero”, vencia com muito jeito a questão.

Não levava para o lado pessoal quando ouvia coisas desagradáveis de minha mãe, dizendo que não era por mal e que a doença é que era ingrata, tirava o bom humor. Era muito positiva e procurava omitir os fatos ruins, tanto da sua vida pessoal quanto das notícias de jornal que lia para mamãe. Gostava de contar sua história e as novelas que eram escutadas com prazer.

Alertei-a para não tratar minha mãe como criança nem mimá-la demais, e que, enquanto ela pudesse andar, comer, tomar banho e pentear-se sozinha, deveria ser estimulada. Prontamente entendeu e procurou ajudá-la a ser mais independente. Não impunha regras, acatava-as, e isso era muito bom porque passava a impressão de que a autoridade ali era mamãe, e esta se sentia valorizada e importante.
Tereza era muito pontual com os horários de remédios e refeições e mostrava boa vontade em atender as visitas. Conhecia regras básicas de higiene e tratava com a sabedoria das pessoas simples. Não se incomodava quando passávamos para ela formas adequadas de tratamento de coisas que desconhecia. Seguia o prescrito, não inventava. Tinha personalidade, mas não era altiva, e eu percebia que se enternecia com o sofrimento, tendo gestos de carinho, como afagar os cabelos quando minha mãe não estava bem.

Minha mãe permaneceu lúcida até o fim. Percebi, na sua agonia, o apego que tinha por Tereza, e esta ficou com ela todo o tempo, trocando, limpando, reanimando. Como eu não fiquei com ela 24 horas, não posso afirmar que não houve momentos de tensão entre elas. Mas creio que, se existiram, não foram relevantes, não desabonando a idéia que tivemos dela.”


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Citado por Tomiko Born e extraído de: http://portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php/revistaportal/article/viewFile/201/224